Das leituras no passado recente («A Informação» de Martin Amis)
Tendo por tema a inveja/competitividade entre dois «amigos» escritores e como factóide literário a zanga entre o Martin Amis e o Julian Barnes, foi direitinho para a lista de desejos. Infelizmente a Quetzal não o levou para as últimas feiras do livro, vendo-me eu obrigada a adquiri-lo com uns míseros 30% de desconto. Ironicamente a Wook vendeu-o com os desejáveis 50% de desconto na semana em que o comecei a ler.
Tudo isto, à semelhança do livro do Amis, é um conto moral. O cosmos conspirou com sinais demonstrativos (ex poste) da má ideia que foi adquirir esta tradução pejada de calinadas, feita por um tradutor que desconhece o significado do verbo presumir, assim o demonstrando em pelo menos 16 (dezasseis) ocasiões distintas, nas quais traduz MAL o verbo «to assume» para o verbo «assumir». Também renomeia a reincidência penal como recidiva, e chega mesmo a traduzir «paper cup» para «caneca de papel» (certamente porque o recipiente descartável teria uma asinha de papel). Nem sob a boa fé de na realidade o tradutor estar a criar no leitor a revolta e o desapontamento sentidos por Richard Tull num trabalho de transposição linguística meta-artístico isto parece menos mau.
Quanto ao livro: é lamentável que o haja lido já na fase em que coisas adolescentes como o realismo mágico, os «nothingburgers» bué simbólicos ou a sociopatia armada aos cágados me digam já tão pouco. Sendo o livro opulento neste último tipo de afectações «teen» muito famosas entre homens com síndrome «sou o maior da minha rua, mas, tipo, por ser bué inteligente», tê-lo-ia adorado há um par de décadas. Por isso limitei-me a rir bastante e a satisfazer a curiosidade literária sobre o livro gerador de um «desamigamento» literário de larga fama, certa de que uma tradução alienante pela frequência dos seus erros dificilmente terá feito justiça à qualidade da escrita de Amis.