Das vilanias auto-anunciadas
O senhor Douglas Wolk virou um número absurdo* de issues Marvel e escreveu o «All of the Marvels: A Journey to the Ends of the Biggest Story Ever Told» relatando a sua experiência em forma de guia, um instrumento criado para auxiliar todos aqueles que sejam suficientemente incautos e intrépidos para se submeterem à insanidade do universo Marvel.
Naturalmente que a blogueira de serviço não se fez rogada ao desafio feito pelo senhor Wolk, lendo por estes dias o «Fantastic Four Annual (1963) #6» (1968.11.01, Stan Lee, Jack Kirby). Sim, por estes dias. É que, não tendo tal comic dimensão que justifique a perduração da leitura por mais do que uma só jornada, a sua intensidade hiper-explicativa e densidades factuais pouco mais sólidas do que «porque ciência» não estão feitas para a ténue forragem de um estômago mais fraco, sobretudo um que anda habituado a dietas de qualidade superior.
Não obstante a violência do regresso ao Marvel 60's/70's, importa conhecer as histórias de origem e criar uma porta de entrada para tais universos, num esforço preparativo necessário, uma recruta essencial para levar aquela missão a bom termo.
Aliás, títulos como este «Fantastic Four Annual (1963) #6» chegam a ser muitos bons nos seus pontos péssimos, provando que o universo Marvel será tão bom quanto a capacidade de aceitação do absurdo e do ridículo por parte dos seus leitores. Atente-se neste vilão, o Annihilus, que é rapidamente enxertado a... aniquilar, pois claro!, e logo se manifesta:
Há que amar esta paragem do hiper-poderoso vilão para olhar de frente no painel, quebrando a quarta barreira e cilindrando todos os conceitos de ridículo, auto-anunciando-se - mais uma vez - triunfante. É também pelas gargalhadas dadas à conta destes adornos de época que uma pessoa se faz à escalada da montanha Marvel.
*27.000, mais coisa, menos coisa.