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Os Heterónimos da Peçonha

Os Heterónimos da Peçonha

19
Dez21

Das sessões no passado recente 11

rltinha

20211219 A Christmas Story.jpg

(«A Christmas Story» de Bob Clark, 1983)

Uma comédia infanto-natalícia, de época, na linha de «Malcolm In The Middle» mas com uma estrutura digna. A sequência com o Pai Natal do centro comercial é uma maravilha.

20211219 The Nightmare Before Christmas.jpg

(«The Nightmare Before Christmas» de Henry Selick,1993)

Falta-me a pacoviedade encantada e armada aos cucos cuja zénite se alcança na fase mais tola da adolescência - a dos fascínios góticos - para ainda ter pachorra para aturar as obsessões do Tim Burton.

Revi apenas por obrigação cinéfila.

Podia ter sido pior.

20211219 The Shop Around The Corner.jpg

(«The Shop Around the Corner» de Ernst Lubitsch, 1940)

Os clássicos raramente desiludem. Este, que para mim era ainda inédito, foi um regalo.

20211219 Cash On Demand.jpg

(«Cash on Demand» de Quentin Lawrence, 1961)

Dos mais improvavelmente natalícios filmes que vi neste Dezembro. Tão bem feito que nem parece ter apenas pouco mais de uma hora, cumprindo a medida certa de tudo, sem dar passos maiores do que a perna.

17
Dez21

Das sessões no passado recente 10

rltinha

20211217 Un Conte de Noël.jpg

«Un conte de Noël» (Arnaud Desplechin, 2008)

Para os apreciadores de fábulas sobre famílias disfuncionais, personagens e argumentos fora da lógica da linguagem simplista com que se manipulam as massas, mas sem com isso se gerar o entumescimento de ego que malogra o artista com o defeito de se levar demasiado a sério.

Uma maravilha descoberta nesta aventura cinéfila do calendário do advento com cinema de temática natalícia.

16
Dez21

Das sessões no passado recente 9

rltinha

2021-12-16 Meet Me In St. Louis.jpg

«Meet Me in St. Louis» (Vincente Minnelli, 1944)

Vi este clássico no passado recente (por ocasião do Calendário do Advento cinéfilo) e foi toda uma experiência de horror:

1. É um musical. Todo o género musical é para mim uma péssima ideia que gostaria muito que jamais tivesse passado pela mente humana. O mundo seria um lugar melhor sem o género cinematográfico «e, de repente, começam a cantar!».

2. É de 1944, mas infelizmente em Technicolor, dotando as gentes e cenários de uma coloração grotescamente artificial e absurda.

3. As mulheres são personagens com estrutura encefálica inferior a uma bolota, vivendo em torno dos homens, imersas nas fabulações com os rituais de passagem da tutela de seus pais para as dos futuros maridos, sabiamente manipuladoras na sua absoluta submissão aos maridos ou aos pais. Os homens que tudo movem e lideram são uns tristes instrumentalizados por uma sociedade que deles exige o peso ético da garantia económica de toda a família em troco desse papel preponderante.

4. A criança-actriz Margaret O'Brien tem uma prestação tão irritante que só quem tenha o poder de esquecê-la arriscará reproduzir-se.

5. Zero actores não brancos numa St. Louis do início do século XX.

6. Todo o imaginário e valores nos quais o argumento se sustenta são uma apologia desavergonhada do capitalismo e da vacuidade dos pensamentos e desejos femininos.

 

Em suma: bom gosto, consciência de classe, e sentimentos anti-racistas não serão atributos idóneos a apreciar esta obra.

15
Set21

Das sessões no passado recente 4

rltinha

Estas duas belas longas metragens brasileiras estão diponíveis no RTP Play. Aproveitem.

2021-09-15 A Vida Invisível.jpg

«A Vida Invisível» (2019, Karim Aïnouz)

«Vislumbra-se uma harmoniosa sensualidade dentro do espaço confinado que é o ecrã, uma sincronia entre figuras e cenário. Uma melodia dos organismos vivos: os corpos e a natureza rimando, acompanhando-se mutuamente, nas fulgurâncias e nos ocasos, nos nascimentos e nas mortes, no fulgor e no apodrecimento.

(...) com este filme, um cineasta apresenta-se com tonalidades de historiador e de arqueólogo, vibrações que são transmitidas aos corpos e gestos de personagens, tal como o calor e a humidade. Estas personagens e estes gestos são o resultado de um levantamento da história da vida privada do Rio de Janeiro.»

2021-09-15 Bacurau.jpg

«Bacurau» (2019, Juliano Dornelles, Kleber Mendonça Filho)

«Para quem quiser ver, está tudo no genérico, naquele majestoso zoom do espaço sideral para o interior pernambucano ao som de Gal Costa cantando Objecto não identificado de Caetano Veloso. É uma explicação e um aviso das duas horas que se seguem, filhas espiritual da geleia geral do tropicalismo mas também do vanguardismo vale-tudo de Glauber Rocha (e se há Glauber aqui, Deus meu): é Spielberg, é Carpenter, é Tarantino, é Hawks, é western-spaghetti-feijoada com candomblé ácido e sopa de coco, é o Brasil como enorme caldeirão de culturas e experiências, sempre descontraído e vai-com-os-outros até ao momento em que é preciso marcar posição – e aí, gente, ninguém o pára.»

 

Citações retiradas de artigos publicados no suplemento Ípsilon, do jornal Público.

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