Eagleton é um comunicador e consegue transmitir de modo simples mensagens de teor complexo. Infelizmente o livro tem menos de metade da dimensão desejável para que realmente veicule conteúdo suficiente para servir de instrumento de consulta e auxílio permanente, que era a primeira e a maior das expectativas que tinha quando o adquiri.
A opção pela leveza e simplicidade ganha mais público, mas não é vantajosa para quem está habituado a dedicar aos livros mais atenção do que à televisão.
Spoilar mais de uma vintena de títulos (alguns dos quais já li mas outros nem por isso) como meio para atingir o fim desejado, povoando o livro com exemplos práticos e de compreensão facilitada, é um método tão eficiente quanto merecedor do mais absoluto repúdio. [Até o João Gil aprendeu quão errada é a conduta do vil spoilador.]
![IMG_20211018_170310_356.jpg]()
O trabalho de tradução enferma de um erro repetido dezenas de vezes que chega a impedir a percepção do correcto sentido das frases ao incauto leitor que não se aperceba que o «to assume», para o senhor tradutor, é sempre traduzido como «assumir». Chegamos ao cúmulo de surgir «assunção» quando o claro significado pretendido pelo autor é «presunção».
Claro que gente existe que tem isto por questão menor. Se o legislador lhe apanha o jeito, ainda teremos uma certa secção do Código Civil (art.ºs 349.º a 351.º) rebaptizada como «Assunções».
Não se contentando com fixar no leitor um permanente estado de alerta para proceder a uma interpretação correctiva, o senhor tradutor, que traduz de inglês para português de Portugal, escolheu enxertar os trechos citados com traduções para português do Brasil quando existem edições das obras citadas traduzidas em português de Portugal.