Das bulas que justificam bulas com decreto de excomunhão
Deparei-me com este segmento numa mensagem electrónica periódica da Bertrand (a qual abria com a injúria de me sugerir a aquisição do novo livro de Miguel Sousa Tavares).
A ideia de biblioterapia não é nova, mas este exemplo é todo um tratado de urgência em expulsar da Ordem dos Farmacêuticos Literários o profissional que criou a bula.
Lobo Antunes pegou num recorte de realidade absolutamente torpe, mesquinho, vil, de uma empáfia criminosa atroz, e deu-lhe a grandeza humana, sublimidade e complexidade que só um excelso ficcionista poderia conceber.
Todos os campos desta bula resultam de uma edição feita a pensar nas vendas e zero no que um leitor de ficção que tenha uma estrutura encefálica funcional (capaz de mais do que mera sorvedura de enredo) irá retirar da obra.
Façam isto com aquela «literatura» dos sacos de organza, que quem a adquire só quer entreter-se um bocado e não é propriamente um leitor de causas que se bula com bulas e lamente que as bulas com decretos de excomunhão nunca se apliquem a quem merece tal opróbrio.