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Os Heterónimos da Peçonha

Os Heterónimos da Peçonha

17
Jul23

Das leituras no passado recente («Confiança» de Hernán Díaz)

rltinha

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Começando por um livro dentro do livro, Diáz adianta o tema, o tempo e o lugar (dinheiro/finança, EUA, dos loucos anos 20 ao pós-Grande Depressão). Segue-se-lhe uma estranha autobiografia inacabada, uma memória «bildungsroman» pela improvável ex-secretária do autor da autobiografia, culminando no diário da mulher do autobiografado.

Com estas quatro partes distintas Díaz confirma o que diz de si próprio - que há muito se esforça, trabalha e escreve (e que lufada de ar fresco é ler entrevistas em que o autor se apresenta como ser humano dedicado ao processo e não um iluminado das musas da escrita que recebe em si um dom divino) - e tem prestações de qualidade em todos estes estilos e vozes narrativas.


Depois há o fio que a tudo isto urde, dando às personagens densidade e relevância consoante cada perspectiva e contributo «factual» transportado para o conhecimento do leitor, num omnipresente ensaio subliminar sobre a ficção «dinheiro», indissociável dos seus cultores maiores que são os homens da finança, com um antecipável, mas nem por isso menos rico twist final. E é por estas duas últimas partes que este romance se revela à altura dos elogios, pela capacidade para rever a história pela perspectiva dos vencidos usando as fórmulas, os cenários, e a própria literatura dos vencedores.

13
Jul23

Das leituras no passado recente («Fundação» de Isaac Asimov)

rltinha

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Um clássico incontornável da ficção científica, amplo em enredo e personagens cativantes (ainda que as mais fascinantes sejam um decalque variado de um modelo-base), que relata uma história de império galáctico em declínio e os deliciosos meandros sócio-político-económicos de um atalho de recuperação civilizacional traçado pela ficcionada disciplina da psico-história.

Exactamente o que parece: um portento imaginativo competentemente narrado, capaz de criar no leitor uma vastidão de mundos. Só não chega tão longe que permita ver mulheres como seres humanos completos e muito menos em lugares de poder ou protagonismo. Que este futuro é o de há 80 anos, mas agora parece que já é tudo leite e mel e até o termo vagina deve ser evitado, não vá alguém destituído de uma ofender-se na sua sensibilidade com a nomeação de um órgão que garantiu às suas portadora um apagamento tão absoluto que até operava nas capacidades imaginativas mais fulgurantes.

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