Das leituras no passado recente («A Vida é Bela, se não Desistires»)
Auto-ficção gráfica com um protagonista à medida dos jovens cavalheiros dos filmes que Rohmer rodou na década de noventa do século passado.
A virtude maior deste delicioso álbum é a transmissão de um volver do tempo a várias velocidades, revelando em vez de explicar a evolução do narrador na sua busca algo obsessiva pelo autor de um cartoon numa New Yorker dos anos 50, figura tão rebuscada que as poucas migalhas de informação chegam espaçadas e em pouca quantidade.
Além do traço elegante e da coloração minimalista-nostálgica, a obra é particularmente cativante pela quietude. Lida agora, no tempo frenético da internet ubiquamente na ponta dos dedos, esta lenta e progressiva busca por Kalo é um bálsamo, um belo conto de amor ao processo. Num tempo em que havia vagar para isso.